sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Ecos Imateriais | Para medir o tempo

Relógio do meu avô, imigrante italiano.

 “O doce perguntou para o doce qual doce era o mais doce. O doce respondeu ao doce que o doce mais doce era o doce de batata doce...”  

É um dito popular bem comum, não? Pois há outro muito parecido, mas que tem a ver com o Tempo: 

O homem perguntou ao Tempo quanto tempo o homem tem; o Tempo respondeu ao homem que ele  tem o tempo que o Tempo tem.”   

Neste ano de 2022, a turma da FAU-USP-1972 comemora o cinquentenário de sua aprovação no vestibular para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Inevitável pensar no que fizemos e fazemos nesse tempo, em como cada um dessa querida turma usou seu tempo... Tema para um próximo post. 

E você? Quanto tempo seu tempo tem? Como gasta seu tempo, ou deveria dizer como aproveita seu tempo? Porque gastar o tempo não é atitude sensata, já que o tempo é finito e, como disse o poeta Mário Quintana, quando percebemos já se passaram 60 anos, já se passou uma vida... Afinal, ainda ontem estávamos comemorando a entrada na FAU-USP...

"A vida... são deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas...Quando se vê, já é sexta-feira...Quando se vê, já se passaram 60 anos...Agora é tarde demais para ser reprovado...E se me dessem um dia a mais, uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguia sempre, sempre em frente. E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas." Mário Quintana (1906-1994), Poema 666.  

O tempo passa, o tempo voa, mas o tempo medido é uma invenção humana: 60 segundos em um minuto, 60 minutos ou 3.600 segundos em uma hora, 24 horas ou 86.400 segundos em um dia. Todos nós sabemos disso, não é? Será? Será que sabemos mesmo? Será que temos consciência da passagem do tempo na nossa vida? Ou vamos esperar a idade chegar para dizer... "ah, se eu soubesse..."

Mas quem começou a marcar o tempo? Bom, os antigos mediam o tempo pelos fenômenos naturais, o movimento do sol, a posição as estrelas, que indicavam o ritmo dos dias, das estações, do tempo para o cultivo e a colheita. Aos poucos, a medição ficou mais elaborada. Os primeiros foram os babilônios (2000-539 a.C), na Mesopotâmia: construíram um relógio de sol e dividiram o dia em 12 e depois em 24 partes. Dos babilônios aos nossos dias, outros instrumentos de medição surgiram: 

  • Relógio de Sol: criado por volta do 1500 a.C. e muito usado pelos gregos e romanos, usa a luz do sol refletida numa haste que produz uma sombra, lida no marcador;  
  • Relógio de água ou clepsidra: criado em 1400 a.C., usa a força da gravidade para mover a água; 
  • Relógio de areia ou ampulheta: criada por um monge no século VII,  hoje, ampulhetas são quase só decorativas; 
  • Relógio de Vela: criado em meados do século VIII, marcava o tempo à medida que uma vela com graduação ia queimando;
  • Relógio mecânico: criado no século XIII, revolucionou a marcação do tempo no cotidiano; daí vieram o relógio de bolso (1500), ou ovo de Nuremberg; o de pulso que só foi popularizado na Primeira Guerra Mundial etc;
  • Relógio de Pêndulo: estudado por Galileu e criado em 1656 pelo holandês Christiaan Huygens, usa o balanço dos pêndulos para gerar energia e mover os ponteiros;  
  • Relógio de quartzo: criado em 1967, era mais preciso que os relógios de pêndulo; 
  • Relógio digital: criado na década de 1970, funciona com energia elétrica fornecida por uma bateria;  
  • Relógio Atômico: criado na última metade do século XX, é um dos mais precisos por usar as propriedades do átomo. 

O fato é que além, muito além dos relógios, o tempo pode ser medido também em ações, em instantes de recolhimento, em momentos dedicados à escuta amorosa do outro; em anos de reflexão e aprendizado; em décadas de cuidados àqueles que amamos; em formas de devolver à sociedade o aprendizado adquirido; em uma ação profissional humana e comprometida; em toda uma vida buscando aprender e evoluir para que, quando nosso tempo aqui se acabar, tenhamos a certeza de ter deixado para trás um mundo melhor, mais amoroso, mais solidário, mais inclusivo e mais justo.

Referências:

https://historiadigital.org/curiosidades/6-instrumentos-utilizados-para-contar-o-tempo-no-decorrer-da-historia/

https://brasilescola.uol.com.br/matematica/o-controle-tempo-suas-unidades-medida.htm

https://jornaltribuna.com.br/2022/06/relogios-e-sua-evolucao/ 

https://www.comciencia.br/para-conseguir-contar-o-tempo-foi-uma-questao-de-tempo/

https://www.humanavida.com.br/clipping/especiais/tempo-e-finitude/

7 comentários:

  1. Minha contagem de tempo é feita primeiro pelos anos de escola, e depois pelas mudanças de trabalho. Todo o resto se encaixa nessa tabela. Inclusive o tempo antes da escola e o tempo após a aposentadoria.

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  2. Gostei demais do seu texto.O tempo se encarrega de colocar tudo no lugar e na hora certa.O início do seu texto lembrei muito de meu Pai,que sempre nos dizia s/o doce e também s/ o tempo.

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    1. Grande verdade. Bebel....Sr. José Zanoto era um sábio.... Bjs. Querida ..

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  3. Bill Gates escreveu, num livro da sua autoria, que o mundo mudará nos próximos 5 anos muito mais do que mudou nos últimos 50 anos. Então, como medir o tempo? Temos a nítida sensação de que ele passa por nós cada vez mais rápido. Fica a sensação!!!!! Bjs

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    1. Pois é, acho que nosso HD está muito cheio e de coisas não tão importantes. Abraços e deixe seu nome!

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  4. Texto gostoso de ler... a loucura que é o tempo; a passagem do tempo; sua medição e a nossa sensação.
    Que belo, Anita, marcar com 1972, entrada na FAU.
    Para mim, quando entrei na ECA, sinto nítido um portal.
    E o que fizemos depois e ainda agora? - Pergunta e cutuca seu texto a todos.
    O que me pegou mais: "em uma ação profissional humana e comprometida". Importante, muito!

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    1. Valquíria, parece que o tempo não passou desde que entramos na faculdade e, de repente, já se vão 50 anos..... A sensação é única.. Ação Humana e comprometida sempre.... beijos, querida

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